Cidade Invisível, série nacional protagonizada por Marco Pigossi e Alessandra Negrini. Com uma narrativa que apresenta diversas lendas do folclore brasileiro, como saci, cuca e curupira, envolvidas em uma trama de assassinato, a produção pode ser descrita como um Sítio do Picapau Amarelo para adultos.
As semelhanças com a obra de Monteiro Lobato (1882-1948) não são rasas. Mesmo que com uma visão mais infantil, o Sítio sempre se aproveitou das criaturas que habitam os contos populares do interior do Brasil para povoar suas mais diferentes histórias.
Em Cidade Invisível, essas criaturas ganham vidas e novas interpretações ao se juntarem ao mundo real. Na trama, Eric (Pigossi), o Pedrinho da série criada por Carlos Saldanha, é um policial ambiental que sofre pela morte da mulher, Gabriela (Julia Konrad) em um incêndio cercado de mistérios. Desde então, ele passa a criar a filha sozinho e busca o culpado pelo crime que vitimou a companheira.
O acidente ocorreu na pacata Vila Toré, localizada nos arredores do Rio de Janeiro. Cercado pelas águas doces de um rio e uma floresta, o vilarejo é alvo de disputa de uma poderosa construtora que deseja contruir um luxuoso resort no local.
Desconfiado dos poderosos que controlam a construtora, Eric começa a perceber que a situação é ainda mais confusa quando encontra um boto-cor-de-rosa, de água doce, morto nas margens de uma praia do Rio. Disposto a entender o que está acontecendo, ele coloca o corpo do animal sob seus cuidados. O encontro do boto por Eric dá início a uma trama mística de segredos e mistérios que envolvem vários seres do imaginário brasileiro. No meio dela está Inês (Alessandra Negrini), a exótica dona de um bar no bairro da Lapa e que quer a todo custo recuperar o corpo do animal.
Saci e outras lendas
Assim como Pedrinho, Narizinho e Emília enfrentavam a cuca e outros seres no Sítio do Picapau Amarelo, os personagens de Cidade Invisível dividem –sem saber– seu mundo com as criaturas do folclore brasileiro. A investigação de Eric é atrapalhada por saci, sereias e diversas lendas.
O grande mérito da série idealizada por Saldanha é equilibrar o suspense dos acontecimentos que movimentam a trama com a origem destas criaturas e como elas estão envolvidas com a história central. O texto supervisionado por Mirna Nogueira se preocupa em não entrar todos os detalhes facilmente, o que ajuda a criar interesse pelo destino dos personagens.
Protagonista da produção, Pigossi faz um bom trabalho como o policial, mas são os personagens do núcleo fantástico que realmente prendem a atenção. Nomes menos conhecidos do grande público como Jéssica Cores, Jimmy London e Wesley Guimarães, além do veterano José Dumont, se destacam ao dar vida aos seres vistos no imaginários de crianças e adultos.
Após deixar o elenco fixo da Globo, Pigossi não teve tanta sorte em Tidelands (2018), sua primeira aventura no serviço de streaming. Considerando que grande parte dos assinantes da Netflix é fã de uma boa trama de mistério, é possível imaginar Cidade Invísivel seguindo os passos de Bom Dia Verônica e se destacando entre os grandes sucessos nacionais da plataforma.
Fonte: UOL